Falta de água em Jaboticabal tem solução, mas pode levar cerca de dois a três anos, diz presidente do SAAEJ

por Ana Paula Junqueira publicado 29/08/2018 19h57, última modificação 07/10/2024 09h07
A comissão volta a se reunir na próxima segunda-feira (10/11), às 10 horas, na Câmara Municipal, para deliberar sobre alguns requerimentos solicitados ao SAAEJ.

A Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal de Jaboticabal que apura possíveis irregularidades no Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Jaboticabal (SAAEJ), especialmente nos investimentos e manutenções da rede de água, ouviu nessa segunda-feira (04/11) o presidente do SAAEJ, José Carlos Abreu.

Os membros da comissão, formada pelos vereadores Paulo Henrique Advogado (presidente), Luís Carlos Fernandes (relator), e Pepa Servidone, questionaram durante cerca de duas horas o gestor da autarquia sobre diversos assuntos que permeiam a problemática da falta de água em Jaboticabal.

À frente do SAAEJ desde maio de 2018, Abreu contou como encontrou o SAAEJ ao assumir o cargo e esclareceu aos parlamentares que a falta de água em Jaboticabal é causada por vários fatores herdados historicamente e que precisam ser enfrentados, como a falta de setorização na rede de distribuição, apontada por ele como um dos gargalos a ser resolvido. “[Além do] fato de ter o reservatório à jusante... não temos setores na cidade. Imagina que nós temos, em momentos, a água dentro do reservatório, e a água deixa de chegar a uma casa próximo daquele reservatório. Isso é claramente um problema da logística, porque as interligações foram feitas de uma maneira aleatória, sem o estudo, pré-estudo, diagnóstico e prognóstico. Então hoje nós temos uma dificuldade muito grande para entender a rede... Encontramos hoje em Jaboticabal pontos com pressão baixíssima, e pontos com pressão altíssima. E isso não dá pra ser resolvido simplesmente mudando uma peça, ou outra. Temos que mudar o sistema. Da maneira que eu peguei, e da maneira que ela está hoje, é isso... Nós temos deficiência na parte operacional, na parte de engenharia, porque nós não temos um engenheiro hidráulico, não temos um engenheiro mecânico, um engenheiro elétrico. Nós temos um engenheiro civil para poder tomar conta de toda essa malha de mais de 480 km de rede”, revelou o dirigente.


José Abreu responde a questionamentos dos membros da CEI do SAAEJ.

Abreu ainda informou que o mapa da rede de distribuição utilizado na operação do SAAEJ é de 2008, e que de lá pra cá, não se tem registros do que foi realizado na rede. “Tudo o que foi feito depois desse período, não está documentado... Os novos loteamentos, a própria extensão de rede, as novas redes que foram feitas. Não temos como saber onde passa a rede mestra, onde que está ligada ou interligada. Quando tem qualquer problema na rede temos que ir descobrir abrindo buraco e fazendo sondagem”, revelou o dirigente da autarquia.

O presidente do SAAEJ ainda esclareceu dúvidas da comissão quanto aos reservatórios de água da cidade, à Estação de Tratamento de Água (ETA), das válvulas de bombeamento, entre outros.

O QUE JÁ FOI FEITO? Conforme Abreu, “fizemos perfuração de poços, colocamos registros, válvulas de registros, compramos uma retroescavadeira, melhoramos a estrutura interna de software para fazer a gestão, investimos perto de R$ 1.3 milhão exclusivamente na água. Por que não fizemos mais investimentos? Eu preciso ter claramente aonde vou investir, por que vou investir. Não estamos brincando com dinheiro público, para não investir em onde não deve ser investido. O pior é que, enquanto estávamos trabalhando pra trazer uma equipe [de engenharia] pra fazer todo esse levantamento, vem o advento da ETA. Tive que segurar e não fazer investimentos pra poder fazer a ETA, porque temos que fazer caixa. A expectativa é de que até sexta-feira (08/11) saia o edital para contratação da nova ETA”, disse.

Abreu também destacou o trabalho realizado para diminuir a perda de água. “Era 48% em 2018, hoje a perda está em 34%, dentro do que preconiza a lei. Toda a nossa oferta de água está hidrometrada. Temos que cumprir normas e objetivos traçados pela reguladora, a ARESPCJ”, acrescentou.

QUAL A SOLUÇÃO E PRAZO? Segundo o atual gestor do SAAEJ, o ponto de partida é “a contratação de uma empresa de engenharia para fazer um diagnóstico e um prognóstico da atual rede de distribuição da cidade... Já falei com três empresas, que o passo seguinte é estar contratando esse pessoal, que vá para campo fazer todo diagnóstico e prognóstico pra que nós tenhamos claramente o que é a rede de distribuição do SAAEJ. Sem esse trabalho, nós não vamos resolver o problema de água de Jaboticabal... Depois de mapear a rede, deve-se criar um cronograma de ação e setorizar a distribuição”, apontou Abreu. Ainda segundo ele, com o diagnóstico, prognóstico e cronograma [de ação], o prazo é de dois a três anos para que a falta de água possa ser resolvida. Antes, porém, Abreu afirmou que quer entregar, no próximo ano, as obras de setorização de quatro pontos da cidade finalizadas, para já ajudar a amenizar o problema. “Depois o restante dos investimentos, novos reservatórios, extensão da rede, rede mestra, isso vai demorar dois, três anos”, acredita. “E se não começar agora, vamos estar falando desse mesmo problema ano que vem, daqui dois anos, três anos. E ficar claro as diretrizes pra quem sentar naquela cadeira, saber o que tem que fazer, coisa que eu não recebi. Eu tive que descobri tudo”, desabafou o dirigente.

Abreu igualmente afirmou que o “plano municipal de saneamento básico está pronto, e crava um investimento de R$ 10 milhões nos próximos três anos, e de R$ 45 milhões nos próximos dez anos. Então nós temos muito que investir em água, porque se a gente não investir, nós estaremos sempre discutindo o mesmo problema. Agora pra investir, precisa ter o planejamento correto, força de vontade de quem está lá no SAAEJ, e força de vontade política pra que isso possa acontecer”, concluiu.

A comissão volta a se reunir na próxima segunda-feira (10/11), às 10 horas, na Câmara Municipal, para deliberar sobre alguns requerimentos solicitados pelo presidente da CEI, Paulo Henrique, ao presidente do SAAEJ, e que deve ser juntado ao longo da semana.

Acompanharam a reunião os vereadores Samuel Cunha, Beto Ariki e João Bassi, além do Procurador Jurídico da Câmara Municipal, Leonardo Matsushita, e o secretário de Negócios Jurídicos do Município, Gustavo Aiello.


Ana Paula Junqueira
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