Audiência pública: Professoras de creche pedem implantação do piso salarial nacional em Jaboticabal

por Ana Paula Junqueira publicado 14/03/2025 10h28, última modificação 14/03/2025 11h18

A noite de terça-feira (11.mar.25) foi marcada por um intenso debate sobre a valorização dos profissionais da educação infantil em Jaboticabal. O plenário da Câmara Municipal ficou lotado para a audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer (CECELMA), que discutiu a implementação do piso salarial nacional para professores de creche no município.

A reunião contou com a presença de vereadores, secretários municipais, representantes da categoria e a participação remota da deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL/SP), autora do Projeto de Lei (PL 2387/23) que busca incluir explicitamente os professores de Educação Infantil na definição de "profissionais do magistério público da educação básica", presente na lei do Piso Salarial Nacional.

Durante o debate, presidido pelo vereador Prof. Jonas (PSD), as professoras de creche expressaram sua insatisfação com a defasagem salarial, argumentando que seus salários não acompanham o piso nacional do magistério, estabelecido pela Lei Federal 11.738/2008.

Apesar de conquistas nos últimos anos, como a reclassificação de cargos, enquadramento no Estatuto do Magistério e a jornada de um terço, esta promovida já sob a gestão do Prof. Emerson Camargo (MDB), a categoria alega que a falta do cumprimento do piso salarial nacional tem gerado perdas significativas no poder de compra, especialmente diante do aumento do custo de vida.

Em 2025, o piso salarial nacional foi definido pelo Ministério da Educação (MEC) em R$ 4.867,77 para jornada de 40 horas semanais (Portaria nº 77/2025). No entanto, em Jaboticabal, a remuneração inicial para professores de creche é de R$ 3.071,54, acrescido de R$ 774,09, totalizando R$ 3.845,63.

Algumas professoras relataram que, na prática, estão há três anos sem reajuste salarial, pois a aplicação do dissídio anual no salário base é anulada pela diminuição do valor da complementação paga pelo município para alcançar o piso.

Professora Luciana Lopes, uma das representantes das professoras de creche, usa a tribuna em defesa da categoria pelo piso nacional.
Professora Luciana Lopes, uma das representantes das professoras de creche, usa a tribuna em defesa da categoria pelo piso nacional.

"A realidade que enfrentamos é alarmante. Nós, profissionais do magistério [da educação infantil], não estamos recebendo o piso salarial nacional e nossas referências salariais seguem desatualizadas, aprofundando a desvalorização da nossa categoria. Educação de qualidade exige professores motivados, qualificados e valorizados! Isso começa pelo respeito ao piso salarial", defendeu Luciana Lopes, uma das representantes das professoras de creche.

Direto do seu gabinete em Brasília, em participação remota ao vivo, a deputada federal Luciene Cavalcante parabenizou a iniciativa dos poderes Legislativo e Executivo em abrir diálogo com as professoras e ressaltou a importância da mobilização para garantir avanços na educação.

Deputada federal Luciene Cavalcante ao vivo, em participação remota, na audiência pública em Jaboticabal.
Deputada federal Luciene Cavalcante ao vivo, em participação remota, na audiência pública em Jaboticabal.

"Educação é a política social que transforma a vida das pessoas... Se a gente não se movimentar, as coisas não vão acontecer. E esse é o movimento que vocês estão fazendo. A política é movimentada por pressão, e é assim que as forças políticas vão se movimentando. É na luta que a gente sempre avançou", defendeu a deputada, que se comprometeu a visitar as creches de Jaboticabal para conhecer a realidade da categoria.

Impacto financeiro e busca por soluções
A Prefeitura de Jaboticabal alega dificuldades orçamentárias para atender às demandas, devido às limitações de recursos e às leis de responsabilidade fiscal. Segundo levantamento preliminar apresentado pela Secretaria de Administração, o impacto financeiro do pagamento do piso nacional representaria uma despesa mensal de R$ 330 mil (aplicação no salário base), chegando a R$ 620 mil (aplicação com reflexo nas referências salariais).

“O Ministério da Educação impôs a obrigatoriedade [do piso], mas não faz esse repasse direto para a cobertura dessa despesa [como acontece para o piso da enfermagem]. Ele repassa um valor de FUNDEB [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação], em que eu obrigatoriamente tenho que ter 70% em pagamento do magistério e mais 30% em diversas despesas. Mas o município já usa 100% [do FUNDEB] para a folha [de pagamento]. Eu não consigo ampliar o orçamento da educação em recurso próprio para poder compor essa despesa”, argumentou a secretária de Fazenda, Renilda Figueiredo.

Para o secretário de Negócios Jurídicos, Renato Quinteiro, não falta esforços do Governo Municipal. “Em momento nenhum a Administração disse que não vamos fazer [a implementação do piso]. Nós temos que achar uma forma de fazê-lo. Não há má vontade da Administração”, defendeu.

Ações e compromissos para o futuro
Vereadores manifestaram apoio à causa das professoras e se comprometeram a buscar soluções para viabilizar o pagamento do piso. É o caso dos vereadores Prof. Jonas, Gregório Casagrande, Dr. Jonatas Carnevalli Lopes e do presidente da Casa, Ronaldinho, que marcaram presença no debate.

"É fundamental que continuemos a buscar soluções justas e viáveis para garantir o pagamento do piso salarial e melhorar as condições de trabalho [dos professores de creche]..." - presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer na Câmara, vereador Prof. Jonas.

“As reivindicações aqui apresentadas serão consideradas levando em conta as próximas etapas das nossas discussões. É fundamental que continuemos a buscar soluções justas e viáveis para garantir o pagamento do piso salarial e melhorar as condições de trabalho [dos professores de creche]. A ideia é que vocês consigam realmente a implantação do piso. Não sei quando vai ser, mas que a luta permaneça!”, incentivou Prof. Jonas.

Os representantes da prefeitura também se comprometeram a buscar alternativas para atender às reivindicações dos professores, mas adiantaram que não há um prazo para que isso efetivamente ocorra. A elaboração do Plano Plurianual (PPA), que deve ser apresentado na Câmara Municipal até o dia 30 de junho pelo Poder Executivo, foi mencionada como uma oportunidade para incluir o tema do piso salarial nas discussões orçamentárias.

“Nós não vamos medir esforços para buscar formas [financeiras] de atender [a reivindicação do piso]..." Secretária de Educação, Lucia Vasques.
“Nós não vamos medir esforços para buscar formas [financeiras] de atender [a reivindicação do piso]..." Secretária de Educação, Lucia Vasques.

“Nós não vamos medir esforços para buscar formas [financeiras] de atender [a reivindicação do piso]. Nós temos realmente que buscar possibilidades para que isso aconteça.”, declarou a secretária de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Lucia Vasques.

A deputada federal Luciene Cavalcante igualmente se colocou à disposição na busca por recursos federais que auxiliem no pagamento do piso e para auxiliar na articulação com o governo federal.

Segundo Prof. Jonas, uma nova reunião deve acontecer em Brasília, em abril, entre ele, representantes do Poder Executivo e a deputada, para dar continuidade às discussões em busca de soluções para o impasse do pagamento do piso salarial nacional para as professoras de creche do município.


Confira o álbum de fotos da audiência:




Assista na íntegra como foi:



Assessoria de Comunicação
Fonte: Câmara Municipal de Jaboticabal (Reprodução autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Jaboticabal)
(16) 3209-9477